São Bernardo do Campo / SP - terça-feira, 19 de março de 2024

Doença mental: Normal ou patológico

Doença mental: O que é normal e o que não?

 

 

Do ponto de vista histórico, os primeiros critérios utilizados para separar o que era "normal" daquilo que não o era, foram os critérios mágico-sobrenaturais.  A concepção sobrenatural da saúde e da doença tinha um cunho marcadamente individualista. A convicção de que a saúde e a doença eram fenômenos que interessavam unicamente àquele que as experimentava, originada da crença na origem sobrenatural do transtorno, se estendeu além e influiu no pensamento médico, mesmo quando se firmara a convicção sobre a saúde e a doença como fenômenos naturais. Porém, hoje em dia, utilizam-se critérios operacionais para a distinção clínica entre o normal e o patológico.         

  • O sonho de toda e qualquer pessoa é de se considerar alguém dentro dos padrões estabelecidos por um grupo, cultura ou sociedade. Ser diferente é chamar a atenção para si, o que nem sempre é algo "bom". Diferenciar o que é normal daquilo que é diferente ou anormal, nem sempre é tarefa fácil. Mesmo em diferentes culturas o que é chamado de "normal" não o é em outras. Mesmo na Medicina, o termo "normal" e "patológico" ou "anormal" é muito impreciso, apesar de ser necessária sua definição para objetivar a sua classificação.         

Em Saúde Mental este conflito também persiste, apesar de ser evidente que tudo aquilo que não segue um padrão definido e comum não apenas é chamado de anormal ou de transtorno mental como vem, usualmente, acompanhado de um estigma ou preconceito.            

  • Bleuler (1985) já afirmava que não existe, nem pode existir, uma definição única para o transtorno mental. Gattaz (1998) disse que deveríamos falar de doença mental quando nos referimos a quadros definidos de alterações psíquicas qualitativas como Esquizofrenia, Transtornos Afetivos e outras psicoses. Por outro lado, existem alterações quantitativas como a deficiência mental e os transtornos de personalidade, que representam desvios extremos do modo como um indivíduo médio, em uma dada cultura, percebe, pensa, sente e, particularmente, se relaciona com os outros.         

Hoje em dia utilizam-se critérios operacionais para a distinção clínica entre o normal e o patológico, como os critérios subjetivos, estatísticos, normativos, de sofrimento (Schneider, 1971), de adaptabilidade e do exercício da liberdade (Ey, 1981). Sonenreich (1979) afirmara que anormal é tudo aquilo que funciona para mais ou para a menos.            

  • Ajuriaguerra (1986) afirmara que o normal e o patológico na criança não devem ser considerados como dois estados distintos um do outro, separados com rigor por uma fronteira ou por um grande fosso. O desenvolvimento e a maturação da criança são, por si mesmos, fontes de conflitos que, como todo conflito, podem suscitar o aparecimento de sintomas.

Criado em 16/12/2000, modificado em 26/05/2009 por Dr. Luis C. Bethancourt.